Um pedacinho de Maricota em mim

Beró Arquitetura
18 de abr. de 2022
2 min de leitura

Atualizado: 19 de abr. de 2022

Hoje vou contar um pouquinho (quase nada) da história da minha tia Maricota.

Não, ela não é arquiteta, ou engenheira ou empresária imobiliária (hahah). Não foi por causa dela que eu decidi fazer arquitetura nem nada.

E estou aqui torcendo pra ela não ler esse post porque ela vai brigar comigo. Maricota por incrível que pareça, nunca gostou de chamar atenção (tirando no dia do aniversário dela).

Esses tempos contei no insta que quando eu era pequena, reclamava que ninguém me mandava cartas...e um dia, Maricota me mandou uma carta anônima com selo e tudo. Deixou minha cabeça cheia de ideias de quem poderia ser. A caixinha de correio era uma casinha de madeira, que tinha porta, janela, cerquinha e flores. Tudo feito por ela.

Sempre vi minha tia como artista incrível que ela é. Pintando quadros, me contando dos lugares que conhecia e sendo a pessoa mais humilde que eu conheço.

Ela é amiga do cobrador de ônibus e dos pós docs de universidades do Brasil todo.

Quando eu comecei o escritório e estava atrás de um nome, foi nos cadernos dela que encontrei o nome Bero. Sem acento mesmo. Ela foi uma das primeiras indigenistas do Brasil. Ela construiu a casa dela na aldeia e também uma em Porto Alegre. E diz com muito orgulho que foi ela quem fez, cada pedaço daquela casa que já abrigou tanta gente (inclusive eu).

Quando eu pensava em um logo, pedi pra ela criar. Me disse que não, que não era mais artista. Mas artista não deixa de ser. Dias depois chegou com esse papel, cheio de referências do trabalho dela (foto 2).

Escolhi o logo, pedi pra ela fazer um quadro para eu colocar no escritório. Me disse que não, que não era mais artista. Mas artista não deixa de ser. Dias depois chegou com esse quadro, um dos últimos que ela fez (foto 3).

Maricota não sabia muito bem porque eu queria ser arquiteta...era muito fora da realidade. Ela me trazia plantas baixas do jornal porque eu gostava de colecionar.

Mas que outra coisa eu poderia ser, crescendo com uma artista que constrói casas?